
A gravidez proporciona uma vontade imensurável de comer doces. A justificativa da gestação traz com ela um excesso no consumo de glicose, que pode ser muito prejudicial pelo risco de desenvolvimento de diabetes gestacional.
A diabetes mellitus gestacional (DMG) é definida como uma alteração no metabolismo dos carboidratos e açúcares, resultando em aumento da glicose (hiperglicemia) de intensidade variável, que é diagnosticada pela primeira vez ou se inicia durante a gestação, podendo ou não persistir após o parto. É o problema metabólico mais comum na gestação e acontece entre 3% e 13% das gestações. Vários estudos mostram um risco aumentado de problemas de saúde e até a morte tanto para mãe quanto para o feto.
Todas as gestantes devem apresentar exame de glicemia de jejum realizado no primeiro trimestre e com 24 semanas de gestação, já que é um exame simples e o diagnóstico pode alterar a rotina de pré-natal e o acompanhamento desta gestante. Porém, este exame é apenas um rastreio, ele dando um resultado alterado não é indicativo de diabetes gestacional e, sim, indica que deverá ser realizado o teste de tolerância oral a glicose.
A academia americana de obstetrícia orienta que o teste de tolerância oral – exame que confirma ou exclui a diabetes – seja realizado em todas as gestantes com 24-28 semanas de gestação. Entretanto, para a organização mundial de saúde e o ministério da saúde, o exame só será realizado se houver alteração na glicemia de jejum (maiores de 90) ou em pacientes com fatores de risco como familiar de diabetes, principalmente em parentes de primeiro grau, índice de massa corporal (IMC) pré-gestacional > 30, ou ganho ponderal excessivo durante a gravidez, idade superior a 35 anos, história de feto com peso superior a 4000g, história de intolerância à glicose, história de perda fetal inexplicada ou malformação fetal, peso de nascimento da mãe superior a 4000g ou inferior a 2700g, glicosúria na primeira visita pré-natal, síndrome dos ovários policísticos, uso regular de glicocorticoides e hipertensão essencial ou relacionada à gravidez.
O TOTG-75g considera-se alterado se a glicemia de jejum ≥92 mg/dl, mas <126 mg/dl; ou glicemia com 1 hora ≥180 mg/dl; ou glicemia com 2 horas ≥ 153 mg/dl.
A diabetes gestacional quando diagnosticada deve ser imediatamente tratada. A maioria das vezes o controle glicêmico se consegue apenas com dieta orientada por nutricionista e exercícios físicos, em casos mais graves onde o controle não se consegue apenas com dieta, pode ser necessário o uso de insulina.
Todas as gestantes com a alteração da glicemia devem ser acompanhadas de perto pelo obstetra, por um nutricionista e, algumas vezes, por um psicólogo para auxiliá-la na manutenção da dieta.
As principais complicações para o bebê são:
Macrossomia (crescimento excessivo do bebê) – Esta condição aumenta o risco de parto operatório (cesariana) e desfechos neonatais adversos, tais como distócia de ombro, lesão de plexo braquial e fratura de clavícula.
Pré-eclâmpsia – Gestantes portadoras de DMG apresentam maior risco de desenvolver pré-eclâmpsia, possivelmente devido à resistência insulínica.
Polidramnia (aumento do líquido amniótico) – Embora seja mais comum em pacientes portadoras de DMG, não parece estar associada à maior morbidade e mortalidade perinatal.
Óbito fetal intrauterino – Fetos de mulheres com DMG parecem apresentar maior risco para este evento, sendo este risco relacionado ao pior controle glicêmico.
Morbidade neonatal – Risco aumentado para hipoglicemia, hipocalcemia, policitemia (aumento do volume de sangue), e síndrome de angústia respiratória e alterações cardiológicas fetais.
O acompanhamento pré-natal da gestante portadora de DM, gestacional ou prévio, inclui o conhecimento dos riscos maternos e fetais associados a esta patologia, o uso da ultrassonografia para avaliação do crescimento e bem-estar do feto, a monitorização materna e fetal intraparto, a tomada de decisão sobre o momento e a via de parto, e a abordagem pós-parto. As consultas pré-natais podem ter que ser realizadas a cada 15 dias dependendo do controle glicêmico. A manutenção adequada do controle glicêmico é o aspecto fundamental nesse processo, pois reduz a frequência e a gravidade das complicações, principalmente fetal.
A via de parto e a indicação de antecipação do parto deverá ser realizada pelo obstetra levando em consideração o controle glicêmico, alteração da ultrassonografia, vitalidade fetal e o uso da insulina.
O recém-nascido de mãe diabética deverá ter sua glicemia controlada nas primeiras horas de vida pelo risco de hipoglicemia e, também, fazer um ecocardiograma no primeiro mês de vida pelo risco de alterações cardíacas.
Mamães, principalmente as que apresentam fatores de risco para diabetes, procure uma nutricionista durante a gestação e faça todo o pré-natal correto para evitar problemas de saúde, ter uma gravidez tranquila, e sem nenhum problema para o seu filho.
Dra. Thatiane Mahet