O leite de vaca in natura deve ser evitado

Houve um tempo em que o leite de vaca integral era culturalmente introduzido bem cedo na vida do bebê. Era comum ver recém-nascidos sendo alimentados com leite em pó engrossado, na maioria das vezes, com farinhas. Essa dieta fazia com que as crianças crescessem gordinhas e com saúde, segundo os pais.

Na época, não se sabia muita coisa a respeito dos benefícios do leite materno; e havia até quem o considerasse pouco nutritivo, já que o bebê ao seio não ganhava peso a olhos vistos. Assim, durante anos, o sobrepeso foi sinal de saúde. E esta continua ser uma das principais causas de desmame precoce e inicio precoce de leite de vaca para o bebê. É muito comum ouvir de avós ou pessoas mais velhas, “eu dei e você está até ai hoje com saúde”, porém, os malefícios são em longo prazo como indução da obesidade e aumento das gripes e alergias.

 

Atualmente, as pesquisas apontam que o desenvolvimento de crianças alimentadas com leite em pó e fórmulas infantis não se compara com o daquelas que mamam no peito. Outros estudos são taxativos: não se deve fazer uso do leite de vaca antes de a criança completar um ano de idade. A Academia Americana de Pediatria é ainda mais categórica: bebês devem se abster de leite e seus derivados por, no mínimo, dois anos. E isso se deve essencialmente à composição do produto:

 

GORDURAS


Contém baixas quantidades de ácidos graxos essenciais, ou seja, as gorduras que são importantes para o crescimento do bebê não estão presentes (e são dez vezes inferiores às fórmulas infantis). Em lugar disso, encontram-se gorduras que só fazem aumentar o peso da criança. Ou seja, o seu bebê engordará sem os nutrientes necessários para o seu real desenvolvimento.

 

CARBOIDRATOS


Encontrados em quantidade insuficiente, motivo pelo qual era necessário acrescentar açúcar para impedir que o bebê tivesse hipoglicemia e esse é o real motivo convencionou-se oferecer o leite de 3 em 3 horas evitando assim a hipoglicemia. Esses açúcares acabam fazendo mal para os dentes da criança, estimulando cáries, e oferecem posteriormente maior risco de obesidade, hipertensão e diabetes.

 

PROTEÍNAS


O leite de vaca é feito para o bezerro e assim possui alta densidade de proteínas grandes, de difícil digestão, o que dificulta todo o processo de saída do leite do estômago. Com isso, aumentam as chances de alergias ao leite e o risco de obesidade no futuro. Além disso, o excesso de proteínas causa uma sobrecarga nos rins, que ainda estão em formação, podendo gerar problemas mais para a frente.

 

MINERAIS E ELETRÓLITOS

 

O leite de vaca concentra altas taxas de sódio – sal – contribuindo para a elevação da carga renal, junto com o excesso de proteínas. O sódio em excesso é um dos vilões da pressão alta na vida adulta.

 

VITAMINAS

 

Possui quantidade inapropriada de vitaminas. Crianças alimentadas com o produto devem fazer complementação de vitaminas por via medicamentosa. Vitamina C, D e várias outras deverão ser repostas por remédio.

 

OLIGOELEMENTOS

 

Encontrados em quantidades insuficientes e com são menos absorvidas em especial o ferro e o zinco. Essa é uma das causas pela alta incidência de anemia ferropriva em crianças menores de dois anos de idade no Brasil. Corresponde a cada mês de uso do leite de vaca, a partir do quarto mês de vida, uma queda de 0,2 g/dL nos níveis de hemoglobina da criança.

 

O ideal é que a criança não consuma leite de vaca e seus derivados (biscoitos, queijos, iogurtes infantis, bebidas lácteas, pudins, creme de leite e leite condensado) até completar pelo menos um ano de vida. Ela precisa de leite, que deve ser oferecido na forma de leite materno ou fórmulas infantis. Se você quiser fazer um prato à base de leite para o seu filho, use as fórmulas infantis. E lembre-se sempre: o melhor alimento para acriança pequena é o leite materno.

 
Dra. Thatiane Mahet
 

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