Amamentar é um ato de amor. Acho que todas as mães de bebês e gestantes já ouviram isso tanto da mídia, como de avós e parentes. Muito se fala dos benefícios do leite materno e sua superioridade perante as fórmulas infantis e ao leite de vaca. Por anos, a amamentação foi deixada de lado principalmente pela força de marcas de fórmulas, porém, a algumas décadas médicos-pediatras e profissionais da saúde conseguiram demonstrar todos os benefícios do leite materno.
Ele é considerado a primeira vacina do bebê. Possui anticorpos, gordura, proteínas e vitaminas para o seu filho. Surpreendentemente, apesar de duas mães não se alimentarem da mesma forma, o leite que produzem tem a mesma composição – e assim é para todas as mulheres que amamentam do mundo.
O corpo da nova mãe é tão perfeito que o leite materno sofre alterações na sua composição e quantidade ao longo do tempo e até mesmo durante uma mesma mamada. Isso se deve ao fato de ele passar por vários estágios ao longo do tempo: quando o bebê nasce, você produz colostro. Esse, por sua vez, passa a ser um leite de transição (quatro a cinco dias depois do parto) e, posteriormente, um leite maduro (15 dias após o parto). O colostro dos primeiros dias contém mais proteínas e menos gorduras do que o leite maduro. Por outro lado, o leite das mães de recém-nascidos prematuros é diferente do das mães de bebês a termo.
COLOSTRO
É secretado logo após o parto e até cerca de uma semana depois, é um fluído amarelado e espesso, rico em proteínas e com menor teor de lactose e gorduras que o leite maduro. Tem cerca de 67 kcal para cada 100 ml e um volume de 2 a 20ml por mamada. Rico em vitaminas A e E, carotenóides e células de defesa do corpo (imunoglobulinas), que conferem proteção contra vírus e bactérias ao bebê e permite que ele libere suas primeiras fezes.
Como é um leite “mais fraco”, alguns bebês mamam por um período prolongado ou em intervalos curtos para compensar o baixo volume e a baixa concentração de gordura. Este é um dos motivos da perda de peso NORMAL dos primeiros dias de vida.
LEITE MADURO
Sua composição varia durante as fases da lactação e principalmente durante as mamadas. O leite que o bebê começa a mamar é completamente diferente do bolo do fim da mamada.
O componente mais abundante do leite materno é a água, cujo teor é totalmente suficiente para matar a sede do seu bebê. Ele não precisa beber água ou chá independente de o dia estar quente ou frio. Na verdade, quando estiver mais calor, ele naturalmente vai mamar mais e algumas mamadas serão curtas o suficiente para matar a sede dele.
Mas porque não dar ÁGUA? A água encherá o estômago pequeno do seu bebê com uma substância que não fornece nenhuma vitamina e nem o faz crescer. Ou seja, dar água dificulta o seu ganho de peso e ainda existe o risco da água estar com algum germe provocando diarreia nele.
A proteína do leite materno é única e perfeita. Ela é leve e por ser mais leve, permanece menos tempo no estômago, o que transforma o leite materno em um leite com melhor digestão. Em relação aos nutrientes do leite materno, as proteínas classificam-se em caseína e proteínas do soro, sintetizadas pela glândula mamária, albumina e proteínas protetoras, em especial as proteínas protetoras secretórias A (IgsA), que protegem o bebê contra alergias alimentares e infecções. Por ser mais leve, o bebê pode ficar com fome mais precocemente, o que leva algumas mães a caracterizar seu leite como fraco, o que é um grande engano.
A principal fonte de energia do leite materno são as gorduras, principalmente os triglicerídeos (98%). Elas são responsáveis pelo ganho de peso do recém-nascido e dão a sensação de saciedade (“barriguinha cheia”). Elas estão mais presentes no leite maduro e no final de cada mamada.
Por isso a importância da mamãe dar uma mama até o término do leite, como a gordura se encontra no final da mamada, mamadas curtas em um peito significa que o bebê acordará mais rápido e com fome mais precocemente.
O principal carboidrato do leite materno é a lactose (aprox. 70g por litro). O alto teor de lactose favorece a absorção de minerais como o cálcio e o ferro, indispensáveis para a formação do cérebro e para dar energia ao bebê.
Os minerais presentes no leite materno (cálcio, ferro, zinco, sódio, potássio, etc.) são muito melhor absorvidos se comparados ao leite de vaca ou a fórmulas infantis. O ferro do leite materno, por exemplo, é absorvido em 40% no estômago, sendo a absorção dele nos outros leites infinitamente menor.
As vitaminas são encontradas em grande quantidade no colostro, o que lhe confere esse tom amarelado. São raros os casos de aleitamento materno exclusivo e deficiência de alguma vitamina ou mineral. O leite materno fornece vitaminas e minerais em quantidade adequada às necessidades do bebê. Crianças sadias nascidas de mães sadias não precisam de suplementação alimentar ou de vitaminas como vitamina C.
Algumas substâncias novas foram localizadas e seu beneficio para o desenvolvimento do bebê, comprovado. Uma delas é o DHA (ácido docosahexaenóico) e o ARA (ácido araquidônico), produzidos a partir do Ômega 3. Eles são essenciais para o desenvolvimento cognitivo e o quociente de inteligência da criança, assim como para a sua acuidade visual. O dito popular de que uma mulher grávida deve consumir bastante pescado — um alimento rico em Ômega 3 – está, portanto, cientificamente comprovado.
O leite inicial quando o bebê começa a mamar, os primeiros cinco a dez minutos, o leite que você produz é uma substancia aquosa, rica em lactose, e sacia a sede do bebê. Ele é rico em ocitocina, que o acalma e lhe dá uma sensação de alegria. O leite produzido em seguida, entre 10 e 15 minutos depois, é rico em proteínas que atuarão nos ossos e no desenvolvimento do cérebro. Do 15º minuto até o final da mamada, o leite é chamado de leite posterior. Trata-se de um creme gorduroso, mais grosso e rico em calorias, que contribui diretamente para o aumento de peso do bebê – daí a importância de esvaziar bem a mama. Se o fizer adequadamente, seu bebê tomará todos os tipos de leite de que precisa.
Sendo o leite materno nutricionalmente completo, é o alimento ideal para o recém-nascido e deve ser oferecido com exclusividade até o 6º mês e complementado até os 2 anos de idade.
Dra. Thatiane Mahet